"Todos os meus versos são um apaixonado desejo de ver claro mesmo nos labirintos da noite."
Eugénio de Andrade

terça-feira, 31 de março de 2015

Calou-se a voz

Calou-se a voz
A voz que do seio da terra
Irrompia
Em golfadas transbordantes
 De silêncios

Calou-se a voz
A voz ora branda, ora brava,
Inquietante e lúcida
Nas noites brancas
Nas madrugadas insones
e translúcidas

Calou-se a voz
A voz que ressoava pelas brenhas
Escusas e obscuras
Onde só o eco a agarimava
No seu seio oblíquo e denso.

Calou-se a voz
A voz que mantinha
Meus saltos suspensos
Sobre os medos

Calou-se a voz
A voz de mãos doces
Que me sustinha
Nos sobressaltos da morte. 

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