"Todos os meus versos são um apaixonado desejo de ver claro mesmo nos labirintos da noite."
Eugénio de Andrade

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Não tenho culpa da sua teimosia


Estava farta. Farta de que se esquecesse de puxar o autoclismo. Farta de que ele marcasse o território nas sanitas das várias casas de banho. Farta de que não fosse capaz de acertar naquela bocarra tão grande e deixasse o chão salpicado de urina à volta das sanitas. Mal eu acabava de as limpar, começava ele na sua romagem de as conspurcar, uma por uma. O cheiro a urina enojava-me cada vez mais e avivava os meus instintos de vingança.
Um dia, decidi-me. Ainda lhe dei uma oportunidade de se salvar. Disse-lhe:
— Não uses esta casa de banho. Acabei de a limpar. Quero mantê-la mais recatada e limpa, para o caso de vir alguém.
Limpei-a, e, ainda húmida, passei óleo da cozinha nos mosaicos. E deixei o patim do nosso neto bem a jeito, como se tivesse sido esquecido.
Escorregou, bateu com a cabeça na sanita, e…foi-se!
Não tenho culpa da sua teimosia.

4 comentários:

  1. Ai que cruel! Era apenas falta de pontaria.

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  2. Pois, coitadinho! Mas a mulher cansou-se! E foi amiguinha, avisou-o.Ele é que não detetou! Certamente, não sofria só de falta de pontaria.

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  3. Vai continuar!...Vejam os próximos capítulos...

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