"Todos os meus versos são um apaixonado desejo de ver claro mesmo nos labirintos da noite."
Eugénio de Andrade

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O trevo

Peguei na semente
Que me deste
E ajeitei-a no berço
De carinhos vesti meus dedos
Cobri-a de terra
E afagos em redor.

Reguei-a de esperança
E de cuidados
E aguardei o milagre.

Todas as tardes a terra
Do seu amado
Namorada espreitava
Palpitante o regresso

Reguei-a de esperança
E de cuidados
E aguardei o milagre.

Do segredo da terra
Frágil e verde espreitou
Uma cabecita hesitante.
Fino e tenro fio rosado
Dela fiel amante
Um bailado à vida encetou.

Reguei-a de esperança
E de cuidados
E aguardei o milagre.

Folhinhas abertas
A gritar as quatro
No trevo assumida
A consumação do milagre.

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